O realizador José Fonseca e Costa afirmou hoje, em declarações à Lusa, que o sistema de apoio à produção, tutelado pelo Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA), "além de profundamente injusto, é dirigismo puro, uma coisa digna do estalinismo".
O cineasta, homenageado pelo 29º Fantasporto, que lhe dedica uma retrospectiva, considerou que "o ICA é a degenerescência do antigo Instituto Português do Cinema (IPC), instituição decisiva para o cinema português criada no tempo de Marcello Caetano".
Apesar do seu passado antifascista, Fonseca e Costa, 75 anos, considera que "a Lei 7/71, regulamentada pelo Decreto-Lei 286/73, a última lei do fascismo, mostra que Marcello Caetano pensava, e muito bem, que era necessário fazer filmes em Português para todo o Mundo de Língua Portuguesa".
"Libertada de toda a ganga corporativa depois do 25 de Abril, esta lei, que envolvia um mínimo intervencionismo estatal, tornou-se numa excelente lei desenvolvimentista. Sem ela, a minha geração nunca teria filmado como filmou", defendeu.
Para Fonseca e Costa, "o ICA é um serviço burocrático que obriga qualquer projecto a regras absurdas definidas por portarias redigidas por quem rege aquele organismo. A portaria é uma forma totalitária e dirigista de governar. Só aprovam o que eles gostam. Puro estalinismo".
O cineasta, homenageado pelo 29º Fantasporto, que lhe dedica uma retrospectiva, considerou que "o ICA é a degenerescência do antigo Instituto Português do Cinema (IPC), instituição decisiva para o cinema português criada no tempo de Marcello Caetano".
Apesar do seu passado antifascista, Fonseca e Costa, 75 anos, considera que "a Lei 7/71, regulamentada pelo Decreto-Lei 286/73, a última lei do fascismo, mostra que Marcello Caetano pensava, e muito bem, que era necessário fazer filmes em Português para todo o Mundo de Língua Portuguesa".
"Libertada de toda a ganga corporativa depois do 25 de Abril, esta lei, que envolvia um mínimo intervencionismo estatal, tornou-se numa excelente lei desenvolvimentista. Sem ela, a minha geração nunca teria filmado como filmou", defendeu.
Para Fonseca e Costa, "o ICA é um serviço burocrático que obriga qualquer projecto a regras absurdas definidas por portarias redigidas por quem rege aquele organismo. A portaria é uma forma totalitária e dirigista de governar. Só aprovam o que eles gostam. Puro estalinismo".
"Estamos cinematograficamente muito mais pobres"
O cineasta não aceita que, com a carreira que tem, tenha que mandar os seus projectos a um júri formado "por uma rapaziada" a quem não reconhece capacidade.
"Se o Estado acha politicamente necessário produzir filmes para difundir a Língua Portuguesa, deve criar uma lei que respeite a liberdade de expressão artística. Sem isso esta liberdade está em causa", defendeu.
Considera que o desmantelamento do IPC deu lugar a que actualmente não reste um único cartaz dos filmes portugueses dos anos 70 e 80, financiados pelo aquele organismo, que os guardava e coleccionava.
"Hoje em dia, ninguém sabe onde está esse património. Não sei se há alguns cartazes na Cinemateca, que é um organismo unipessoal, onde se faz apenas o que apetece ao Sr. Dr. Bénard da Costa e mais nada", afirmou.
Fonseca e Costa considera ainda mais grave a distribuição, onde "existe, em Portugal, uma situação anómala de monopólio, em que os distribuidores são donos da quase todas as salas do país, em manifesto abuso de posição dominante".
"Tem que haver independência entre exibidores e distribuidores, caso contrário, estes só passam os filmes de que são possuidores", defendeu.
"É por isso que hoje em dia só temos acesso a filmes americanos, quando há 30 anos havia muitas distribuidoras no país e chegavam aqui filmes não só dos Estados Unidos, mas de todo o mundo, França, Inglaterra, Itália, Suécia, Índia, Japão. Estamos cinematograficamente muito mais pobres", afirmou.
Fonseca e Costa chegou a trabalhar em Itália como assistente de Antonioni em "O Eclipse" (1962), após o que foi convidado pelo realizador italiano para o filme seguinte, "Deserto Vermelho" (1964).
O realizador preferiu, no entanto, voltar "por se sentir cómodo em Portugal", onde tinha o apoio da rede familiar e dos amigos e "talvez também por preguiça ou falta de coragem".
Quanto aos Óscares, afirma que "hoje não passam de um 'show' de variedades que premeia filmes formatados para vender. Os formatos matam a liberdade criativa e sem ela não há arte. Há imensas obras-primas que não receberam uma única nomeação", frisou.
"Casque d'Or", de Jacques Becker (1952) e "Amarcord", do Fellini (1973) são algumas das obras-primas que Fonseca e Costa gostaria de ter sido ele próprio a fazer.
Fonseca e Costa revelou igualmente que "O Terceiro Homem", de Carol Reed (1949), "com os magníficos Orson Welles, Joseph Cotten e Alida Valli no elenco, baseado numa obra de Graham Greene e muito marcado pela palavra do grande escritor, a que o realizador associou aqueles fabulosos cenários", foi decisivo para a sua opção de ser cineasta.
O Blog "Amor Pelo Cinema", subscreve tuda a opinião de Fonseca e Costa.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Insira o seu comentário. Diga o que pensa.