quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Moradores do Bairro do Aleixo passam a actores

Os moradores do deprimido Bairro do Aleixo, Porto, vão participar como figurantes e actores não profissionais na rodagem de «Bicicleta», uma longa-metragem de Diogo Sousa que estará nos circuitos comerciais em 2010, disse à Lusa fonte da produtora Liberdade Filmes.
Valter Hugo Mãe é o argumentista de «Bicicleta», que se inspira em «Ladrão de Bicicletas», realizado nos anos 40 pelo italiano Vittorio de Sica.
«O argumento tem alguns pontos em comum com o [filme] italiano. O personagem principal também é um homem que procura emprego, casado e com uma filha, a quem roubam a bicicleta de que precisa para conseguir trabalho», disse o produtor Luís Vieira Campos.
Uma visão do Porto
«É um filme sobre a desigualdade social, mas não, no trabalho, uma perspectiva documentarista», adverte Luís Vieira Campos.
O argumentista sustenta, por seu lado, que «Bicicleta» é «a visão de uma mesma angústia no Porto de hoje onde, afinal, tantos problemas de há décadas se mantêm e, infelizmente, se intensificam».
«Agora, mais do que nunca, a percepção da pobreza, mormente no que respeita ao drama do desemprego e da exasperante dificuldade de conseguir trabalho, é um tópico presente», acrescenta Valter Hugo Mãe.
O personagem principal, António, e sua mulher, serão actores profissionais, cujos nomes não foram avançados, mas a filha, «personagem importantíssima», tal como dezenas de outros actores e figurantes serão escolhidos num casting a realizar, entre quarta e sexta-feira, no Bairro do Aleixo, que também será um dos cenários escolhidos para a rodagem da película.
400 mil euros de orçamento
Algumas cenas serão rodadas noutros bairros sociais do Porto, nomeadamente Pinheiro Torres e Pasteleira, mas a equipa do jovem realizador Diogo Sousa, filmará também passagens da película na Foz Velha, Marginal e Sé, bem como em algumas zonas ditas ricas do Porto, onde o personagem principal arranja emprego a distribuir produtos alimentares.
A rodagem de «Bicicleta» começa em Maio e dura cinco semanas, prevendo a Filmes Liberdade que a película entre no circuito comercial em 2010.
O filme vai custar 400 mil euros, um orçamento «muito baixo» mesma à escola nacional, suportado com capitais próprios da Filmes Liberdade, ainda que a produtora mantenha a expectativa de conseguir alguns apoios.
O baixo orçamento do filme não é, para Luís Vieira Campos, a razão que determinou a escolha de não profissionais para parte do elenco do filme. «Tem a ver sobretudo com a filosofia de produção», garantiu.

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