sábado, 7 de março de 2009

"Watchmen": Zack Snyder, realizador de um filme impossível





O que ficou de fora, o que vai para o DVD e as cenas mais difíceis.
Depois de quase 20 anos de tentativas de transpor a novela gráfica de culto para o cinema, a maior dificuldade de Zack Snyder, realizador de "Watchmen - Os Guardiões", foi a condensação e o respeito pelo original, que não queria desrespeitar.
Alan Moore, divorciado deste filme e de todos os outros que se fizeram com base nas suas criações (do desastroso "Liga de Cavalheiros Extraordinários", que ditou o afastamento de Sean Connery do cinema, a "V de Vingança") fez um livro que "não tem gordura. Todas as ideias estão completas. A parte mais difícil foi chegar a uma duração com que toda a gente estivesse confortável", disse aos jornalistas num hotel do Soho londrino.
Assumindo-se como "fanboy", o que ele queria era fazer "um anúncio de duas horas e meia para o livro". "Estava a tentar captar a experiência que tive quando li a novela gráfica pela primeira vez. É isso que o filme é para mim." Para ele, fazer o filme é uma oportunidade de apresentar às massas a obra sobre um conjunto de heróis-mascarados que contestam a própria noção tradicional do super-herói perfeito. E acrescentar a emoção à filosofia, a base desse arranha-céus da BD de culto que é a obra de Moore e Gibbons. "Por exemplo, no livro o Dr. Manhattan (Billy Crudup) é completamente filosófico, com ligação emocional zero. Quando o Billy está ali, prestes a matar Rorschach (Jackie Earl Haley), é uma experiência emotiva. Isso faz algo que a novela nunca poderia fazer - pôr a emoção no lugar da filosofia. É um suplemento."
O filme começa com 20 minutos totalmente dedicados àqueles que não conhecem a história original. Com o genérico e o amarelo "Watchmen" do crachá com o "smiley" do Comediante (Jeffrey Dean Morgan), explica-se o que foram os Minutemen (a primeira geração de heróis mascarados sem super-poderes, nascidos do fascínio pelos "comics" e "pulps" do início do século passado), como surgiram Os Guardiões e como caíram em desgraça. E como Dr. Manhattan acabou com a guerra no Vietname de uma só tacada - atómica.
Há lutas, "flashbacks", eventos finais de tensão acrescida, tudo em honra do livro que Zack Snyder leu pela primeira vez em Londres, quando estava na universidade. O realizador disse que trataram o livro como se fosse um texto sagrado, mas defende a opção de ter alterado e subtraído alguns elementos da história. Nomeadamente o final, algo que está a deixar os fãs em polvorosa na Internet. Ele corre o risco, com a mudança do final, de ter feito toda uma maratona (de 2h41m de filme) para perder o ouro no "sprint" final.
De fora ficou a causadora do apocalipse final, uma lula quase psicadélica - sim, um cefalópode gigantesco que devorava Manhattan. Foi substituída por outro tipo de clímax, que encurtou a narrativa já de si longa. E para o DVD ficou a narrativa paralela do livro de BD sobre piratas, "The Black Freighter", lido por um rapazinho junto de uma banca de jornais ao longo de "Watchmen". "Nunca pensei que o Black Freighter chegasse às salas. Filmámos todos os momentos da banca de jornais e pensei que seria cool para o DVD, na versão de 3h30m."
E há ainda as narrativas que o original publicava em texto corrido, como o livro do primeiro Nite Owl, Hollis Mason, personagem no livro que quase se eclipsou do filme. "Mas o director's cut, que terá 3h10m e poderá ter estreia em salas de LA e Nova Iorque, [virá] com a morte do Hollis e com outras coisas que não chegaram à versão final".
Apesar dos paralelos incrivelmente próximos do livro, das cenas saídas dos quadradinhos, frame a frame, Snyder fez escolhas. Uma das mortes orquestradas por Rorschach, muito plagiada desde então, tem outros contornos, por exemplo. "Senti em parte que um público de massas iria pensar que é o 'Saw' e todo o tipo de outros filmes." Snyder quis ser mais directo. Noutras cenas, a violência está lá, quadro a quadro. Como a tentativa de violação do Comediante sobre Sally Jupiter, a primeira Silk Spectre.
Sobre ela, Jeffrey Dean Morgan confessou aos jornalistas que "foi provavelmente o dia mais difícil de filmagens" da sua carreira. "Fiz o erro, durante a filmagem, de ir para ao pé do Zach e ver o 'playback' e era tão 'hard-core'... Vemos estes filmes, neste género, e é tudo diluído e não é nada assim em 'Watchmen'. A violência é brutalmente honesta, não há beleza na maneira como lutamos, é cru e brutal. E essa cena em particular foi difícil porque tive essa imagem na cabeça durante dias e era difícil dormir à noite. E quando vi o filme... era brutal".
Pormenores à parte, vários realizadores tentaram e não conseguiram fazer este filme. Pela dimensão, pela temática, pela crueza. E o facto de Alan Moore não querer ter nada a ver com ele, desde o início, foi pior para Snyder. "Acho que pôs mais pressão sobre mim", disse.

Tim Burton chama Cure para uma colaboração em novo filme

Tudo começou com um discurso elogioso em cerimónia de entrega de prémios musicais, tudo poderá resultar numa colaboração. Resumidamente, Tim Burton considera os Cure uma das suas grandes referências e trabalhar com a banda de Robert Smith, seja de que forma for, seria para ele um orgulho imenso.
Soubemo-lo dia 25 de Fevereiro, na gala do "New Musical Express", realizada na Brixton Academy, em Londres, onde os Cure foram uns dos grandes homenageados da noite. Receberam o correspondente a um prémio carreira que, fiel ao espírito excessivo do semanário musical britânico, foi ali baptizado como "Godlike Genius Award" (algo como "prémio génio divino"). Para o entregar a um humilde e agradecido Robert Smith, a organização escolheu Tim Burton, alguém que quase diríamos corresponder, cinematograficamente, às fantasias pintadas a negro da música dos Cure. O realizador de "Batman" ou "Sweeney Todd" subiu a palco e contou como, durante os anos em que foi desenhador para a Disney, "amarrado a uma secretária" e infelicíssimo, tinha a banda de "Friday I'm in love" como companhia constante, como uma das suas únicas fontes de alegria: "salvaram-me", agradeceu.
Depois da cerimónia, em declarações à BBC 6, o realizador confessou o quanto lhe agradaria uma colaboração de qualquer tipo com os seus heróis musicais: "Nunca fiz nada com eles, mas a sua música foi sempre uma inspiração, de uma maneira ou de outra, para tudo o que fiz."
Tim Burton trabalha neste momento numa adaptação de "Alice No País das Maravilhas", de Lewis Carrol, cuja estreia em sala está prevista para 2010 (do elenco fazem parte os habituais Johnny Depp e Helena Bonham Cárter, fazem parte Christopher Lee, Anne Hathaway e, no papel de Alice, a australiana Mia Wasikowska).
Talvez depois de terminado aquele projecto Burton e os Cure unam esforços num trabalho conjunto.

Academia dos Óscares quer o prémio de Ledger de volta


Na foto, Kate e Kim Ledger, pais de Heath, e Sally Bell, sua irmã, recebem o Oscar dia 22/02.

Leslie Unger, a feroz (mas doce e eficiente) relações públicas da Academia de Hollywood, está a começar a perder a paciência: a família Ledger ainda não entregou a estatueta que recebeu na noite do Oscar, em nome do melhor actor secundário Heath Ledger. Na noite dos Academy Awards, todos os vencedores recebem estatuetas sem nome, identificadas apenas por números. A praxe é que os Óscars sejam encaminhados à Academia o mais breve possível para que os nomes sejam gravados e, em alguns casos especiais - como o de Ledger- encaminhados a quem tem o direito de posse.
Duas semanas depois da festa, há falta de uma estatueta - justamente a de Ledger. Leslie Unger já mandou dizer que espera que um representante da família Ledger entregue o Óscar na sede da AMPAs até o final do dia de ontem, para que a gravação seja providenciada. Depois, como as regras da Academia estipulam, a estatueta será entregue a Matilda Ledger, com Michelle Williams como sua guardiã até a maioridade da menina. Se já entregaram não sabemos. Mas quando soubermos o blog "Amor Pelo Cinema" informa-o, com certeza.
Como se sabe, os Ledger disseram para quem quisesse ouvir que iriam ficar com o prêmio e levá-lo de volta a Perth, cidade natal de Heath. E vocês notaram que eles não mencionaram Michelle uma única vez no discurso de agradecimento? Ou foi só uma impressão minha?
Isto é feio, e realmente não se faz. É uma falta de respeito e tira a elegância da festa e a nobreza do prêmio, ainda mais nestas circunstâncias tristes.

Charlize Theron: "Não é fácil despir-me, nem mostrar como sou"

Charlize Theron participou na apresentação de "The Burning Plain" ("A Planície Queimada", numa tradução literal), em Madrid. Em declarações à Agência espanhola Efe, a actriz sul-africana, que produz e participa como actriz principal no filme de estreia do mexicano Guillermo Arriaga, diz que foi difícil tirar a roupa para algumas cenas.
Sylvia, a personagem em que se centra toda a trama, refugia-se no sexo e na saudade para fugir do passado. O filme começa mesmo com a imagem de escultura ruiva nua a olhar por uma janela. Charlize, claro.
A actriz assume os complexos por se revelar desta forma: "Não é fácil tirar a roupa, mas também não é mostrar a alma, mostrar como sou. Quando filmas cenas deste tipo acabas por convencer-te que és a própria personagem."
Theron não compreende o culto de Hollywood pelo corpo. "Um actor ou actriz que vive dependente do seu físico ou da sua imagem não é um bom profissional. O importante é fazer bons filmes, boas interpretações."
O filme foi rodado no deserto de Chihuahua, no Novo México, e conta com as participações de Kim Basinger, John Corbett, do mexicano José María Yazpik e do português Joaquim de Almeida.

Kirk Douglas volta a trabalhar aos 92 anos

Kirk Douglas vai voltar a representar quando esta sexta-feira subir ao palco para estrear o monólgo "Before I Forget" (Antes que Esqueça) escrito pelo actor de 92 anos depois da embolia que sofreu em 1996.
"Tenho 92 anos. Sou um actor. Não posso falar muito por causa do defeito de fala (causado pela embolia). Que faço? Faço um show de uma pessoa só", afirmou Douglas em entrevista ao jornal "Los Angeles Times".
"Before I Forget" é um monólogo de 90 minutos em que o actor de clássicos como "Spartacus", "Cativos do Mal" ou "Sede de Viver" faz uma retrospectiva de vida. O monólogo é visto como uma catarse depois de, no seu livro de 2003, "My Stroke of Luck", ter confessado que pensou em suicidar-se.
"Quanto sofri a embolia vi as coisas de maneira diferente. Portanto, o espectáculo é sobre como vejo as coisas agora e, claro, o que me aconteceu e como me afectou, tanto para o bem como para o mal. Todos têm de fazer um retrospectiva nalgum momento da vida. Eu tenho uma vida interessante e compilei-a para dar-lhe sentido", contou Douglas.
As quatro representações de "Before I Forget" que vão acontecer no Teatro Kirk Douglas, em Culver City, na Califórnia, esgotaram assim que os bilhetes foram postos à venda.

Mickey Rourke encarna padre católico

Mickey Rourke, nomeado para o Óscar de Melhor Actor, vai ser o protagonista do próximo filme de Walter Hill, «St. Vincent».
No filme, Rourke é um assassino contratado, que se disfarça de padre numa paróquia de Nova Iorque para poder aproximar-se do alvo, sem levantar suspeitas.
No entanto, fiel à doutrina católica, Rourke começa a sentir remorsos e a ser atormentado por dilemas religiosos.
A estreia está prevista para 2010.